quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Fórmula 1 - Ainda um Esporte?

Carro da Escuderia Williams. Equipe enfrenta grave crise financeira.
Muitos foram os exemplos de cidades e países que se desenvolveram com o esporte. Na contra-mão, a Fórmula 1 parece estar dando preferência aos contratos, renegando o esporte em si a um segundo e distante plano.


Nos últimos tempos, foram vários os casos de cidades que se manifestaram com problemas financeiros para a realização das corridas de Fórmula 1.

No viés contrário, inúmeras cidades e países "brigam" para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, objetivando atração de investimentos a curto e médio prazos. Mas, então, o que estaria acontecendo com o evento automobilístico de maior penetração no mundo?

O tempo de contratos milionários, de equipes de tradição e ponta parece ter acabado. Entretanto, a fatia destinada à empresa que detém os direitos comerciais da F1 não sofreu abalo. Algumas equipes, chegaram a questionar estes valores, mas nada parece ter mudado.

Em busca de novos mercados, de expansão comercial, a Ásia foi a região privilegiada. Todavia, o grande entrave para tal crescimento é a falta de gosto do público norte-americano que não tem a mesma simpatia pela modalidade, o que prejudica também investimentos vindos do páis.

No que diz respeito as corridas na Ásia, as equipes precisam de uma logística maior, adaptações aos fusos diversos e de um fator precioso chamado tempo para as adaptações necessárias. Este mesmo tempo já não pode ser dedicado às sessões de treinos em pistas particulares, somente em testes coletivos, o que vem notoriamente prejudicando a Ferrari e proporcionando o surgimento de equipes novas como a extinta Brawn GP e a RBR - Red Bull Racing.

Diante destas novas realidades, outro entrave se formou. Para que novas equipes compusessem o esvaziado 'grid', estipulou-se um teto orçamentário de gastos das equipes. Estas se viram - em sua maioria - sem condições de poder arcar com os gastos necessários, tornando-se reféns dos recursos oriundos de patrocinadores. 

Neste ponto, começa o grande problema: 

Existem Equipes de Ponta que se valem de aporte financeiro cruzado, como o caso da Ferrari que utiliza a FIAT (empresa do grupo) como patrocinadora. Existem aquelas que são relacionadas à montadoras, como o caso da Mercedes e a Lotus (Renault). Mas existem  aquelas que não possuem tamanho investimento externo e passam a leiloar os assentos para que Petrolíferas, Empresas de Telecom, etc. passem a determinar quem é que pode guiar um fórmula um. O que era digno apenas do Esporte virou quase que puro "jogo de interesses ou negócios". 

Recém conduzida ao "patamar" de equipe pequena, a WILLIAMS leiloou os dois assentos: um para o Venezuelano Pastor Maldonado que conta com aporte estatal e petrolífero de seu país. Outro para o Brasileiro Bruno Senna, que conta com investimentos do setor de Telecomunicações e do Bilionário Eike Bastita.  O que antes poderia ser orgulho para os SENNA, só fortalece que o espírito esportivo perdeu a queda de braço para os interesses comerciais.

Nos tempos de Emerson, Ayrton, Piquet e Barrichello, os melhores duelavam entre si. Cresciam nas pistas de corrida e demonstravam que mereciam melhores oportunidades, em 'cokpits' melhores. Na indústria que se formou hoje, basta apenas o 'grid' completo como 2 ou 3 pilotos de boa qualidade. 


Espectacular? Perto da mediocridade, qualquer normal pode brilhar ou ser gênio. 


O sabor da conquista da Super-licença para guiar uma F1 perdeu o sentido. Talvez devido à pressa em subir os pilotos de categoria, pressa em encontrar um novo "ás", um novo "gênio" das pistas capaz de oferecer o retorno dos investimentos em curtíssimo prazo. O privilégio, destreza e habilidade em guiar passa a segundo plano, talvez nem isso. Nos tempo de hoje, a Fórmula 1 não merece mais o nome que tem. 



Estudante de Jornalismo para o Aliança Esportiva.

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