quinta-feira, 5 de julho de 2012

Campeão sem contestação

Pode não ter sido a volta do futebol mágico, mas foi a volta do "futebol coletivo e aguerrido, sem ser feio" que a Seleção Brasileira esqueceu em 2002. No Brasil, exceto Tite, apenas os técnicos Cuca e Dorival tem conseguido organizar seus plantéis de forma semelhante.

Aos quatro dias de julho de 2012, mais 90 minutos de um jogo monumental. Corinthians x Boca, desta vez no Pacaembu mas com toda mesma magia de um palco decisivo. Os alvinegros paulistanos entraram em campo com um espírito guerreiro exaltado e comedido. Em muitos momentos da partida, não foi possível perceber que eram realmente os argentinos.

Com toda catimba e provocações, o Boca Jrs. veio para o anti-jogo. Com deslealdade em alguns lances, com certo descuido por parte do juiz, o Boca "cozinhava" a partida de modo inervar os donos da casa. Apesar de tudo, a tranquilidade se manteve do lado Corinthiano e os ágeis Emerson Sheik e Jorge Henrique dariam ainda muito trabalho para a defesa argentina.

O primeiro tempo chegou ao fim com um entalado 0x0, nesta altura, o Boca Jrs vinha conseguindo o que parecia estar querendo. Mas no início de um segundo tempo mágico, após uma má cobrança de falta, dois grandes personagens neste time operário do Corinthians apareceram. Jorge Henrique, se antecipou aos grandalhões argentinos e de cabeça alça de volta a bola para a área.

Eis que começava um belo lance de genialidade. Danilo, de costas, de meia chaleira-calcanhar, com uma jogada típica de futsal, quiçá futebol de areia, encontrou Emerson livre na área. Este dominou na mesma barriga - já imortalizada pelo Renato Gaúcho em um FLAxFLU - e permitiu que 40 mil torcedores, ali presentes, pudessem explodir num primeiro ato de alegria. Foi uma pintura, um lance para guardar na memória: Corinthians 1x0 Boca Jrs.

Com isso, o Boca foi obrigado a sair da zona de conforto e atacar, assim, espaços surgiram e permitiram que o Corithinas pudesse mostrar o melhor do seu futebol: defendendo com tática, com nervos e com raça. Atacando com maestria. Nem mesmo as provocações contantes ao Sheik foram capazes de mudar a história do jogo.

Num lance de pressão na saída de bola, mais uma vez o Sheik mostrou sua garra. Surpreendeu, arrancou com velocidade ímpar, desmontou o que restava de defesa portenha e marcou mais uma vez. Já não haveria mais tempo hábil para o Boca remontar seus cacos e conseguir ao menos dois gols, esperando por uma improvável prorrogação. Os argentinos sentiram o golpe e entregaram de pé a partida.

Ao fim, foi só comemorar a vitória, não o jogo mais difícil. Há quem diga que este foi diante do Vasco. Mas, de certo, o que mais importa foi o resultado e a certeza de que esta conquista começou em 2011 diante do Tolima quando a Diretoria, elenco e torcida entenderam o projeto e acolheram enfim a vitória.

Parabéns Corinthians, real e merecido Campeão da Libertadores 2012.


Bruno Velasco
Estudante de Jornalismo para o Aliança Esportiva






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