segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Equipe Aliança Esportiva entrevista Dr. Michael Simoni


 A postagem de hoje será a da entrevista com Doutor Michael Simoni, num dos primeiros programas. Agradeço imensamente a todos que acompanham o Aliança Esportiva e manifestam todo carinho por nós!

Entrevista com Dr. Michael Simoni
Membro da Comissão Médica da CBF e ex-coordenador médico do Fluminense recebe equipe do Aliança Esportiva para uma entrevista reveladora
Por José Renato Velasco
Dr. Michael Simoni recebeu a equipe do Aliança Esportiva para um bate-papo descontraído sobre Medicina Desportiva, Fluminense, Fred, M. Ramalho, entre outros assuntos. Logo de início, informou acerca de seu gosto por esportes e interesse na área médica destacada no início do texto:
- A prática esportiva vem desde a infância. Joguei futebol, tênis, pegava onda. Até que fui vítima de uma grave lesão no joelho e não pude retomar a prática como anteriormente. Quando cursei Medicina, sempre tive interesse na cadeira de Traumatologia e, assim, com o passar do tempo, pude vincular esta ao esporte.
            Destaca que o campo da Medicina Desportiva cresceu em significativa escala e acompanhou a evolução do futebol ao longo do tempo, ressaltando que cresceram os números de lesões por esforço repetitivo e traumas em decorrência da mudança no futebol:
- Na década de 70, o futebol era mais lento, exigia menos vigor físico. Atualmente, houve uma mudança e um aumento considerável do número de lesões. Em paralelo a isso, a Medicina Desportiva buscou especializar-se e trabalhar no tratamento e prevenção de lesões – afirmou o Dr. Michael Simoni.
            O profissional revelou que nas duas últimas décadas houve um avanço tecnológico importante e a Medicina Desportiva acompanhou. Orgulhoso, informa que em congressos de Traumatologia Desportiva há em média mil pessoas por evento e que a área está em crescimento.
            Quanto ao que pode desencadear uma lesão, foi enfático:
- O atleta tem que compreender seus aspectos fisiológicos e a necessidade de atender necessidades básicas como alimentação e sono. Hábitos extra campos são fundamentais para determinar o índice de lesões. Vejo com muita preocupação o termo concentração atualmente: um espaço que devia ser utilizado para focar e atentar-se ao jogo que virá, é utilizado para cuidados com o cabelo, recreação com vídeo-game, tendo muitos atletas o costume de dormir tarde. Ao meu entender, concentração devia ser antes e depois da partida. Digo depois, pois o consumo metabólico após o jogo atingiu um alto limiar, devendo ser o momento de descanso e recuperação. Infelizmente, não é o que se vê.
            Refere também que constatada uma lesão, o atleta recebe uma avaliação médica inicial e julga-se a necessidade de uma exame complementar de imagem: radiografia, ultrassonografia e, mais popularmente, uma ressonância magnética. Frisa a banalização que esta última vem encontrando no meio esportivo:
- Hoje o treinador quer ressonância, o dirigente, o próprio jogador e até o jornalista propõe que seja feito tal exame .
Brinca também com a expectativa criada pela imprensa e torcida sobre o período de recuperação de um jogador lesionado:
- Pude ministrar uma aula na ACERJ exatamente sobre esse tema. Tão logo ocorre  uma lesão, o repórter vem logo e pergunta o tempo estimado de recuperação. Isso contraria os princípios básicos da Medicina, mas faz parte do futebol. Tem lesões que é preciso esperar um período de 48 horas para saber sobre a estimativa, outras é impossível e também há aquelas que você sabe que ultrapassará um período de seis meses para uma efetiva recuperação. Um exemplo é a lesão de ligamento cruzado anterior que é grave e requer procedimento cirúrgico.
            Sobre o amor pelo clube das Laranjeiras, exibiu com orgulho o quadro do Fluminense e as medalhas do título da Copa do Brasil de 2007 e do vice campeonato da Libertadores de 2008:
 - Nasci Fluminense. Desde a década de 1970 acompanho o clube. Durante o período da Série C, fiz inúmeras viagens para torcer pelo time. A oportunidade de trabalhar no Departamento Médico do Fluminense surgiu em 2000, pouco antes da Copa João Havelange, através do convite do presidente David Fischel. Lembro, inclusive, da data do convite (05/07), véspera de uma cirurgia significativa que fiz no joelho. Os seis primeiros meses no clube ia de muleta. O treinador da época, Valdir Espinosa, implicava um pouco, mas depois tudo ficou bem. Hoje, agradeço muito por ter feito parte desta instituição.
No que diz respeito ao episódio envolvendo o atacante Fred, em setembro de 2010, garante que o atleta é de boa índole e percebeu o erro cometido ao conceder a entrevista bombástica pondo a prova o trabalho do médico:
- Fred logo depois de ter concedido a entrevista, percebeu o que fez. Na verdade, ele foi manipulado por informações plantadas no clube e portou-se daquela maneira. Fiz tudo que um profissional deve fazer: liberei o atleta em condições adequadas para a preparação física e o orientei sobre como proceder. O que aconteceu foi que depois de cinco à seis dias de preparação física, Fred pediu para jogar contra o Palmeiras e o Ronaldo Torres, preparador físico da época, não autorizou. Iniciou-se, então, um trabalho específico na areia, tendo o mesmo voltando a sentir. O que aconteceu foi que há uma margem de 20% de recidivas para lesões musculares e o jogador sentiu na parte baixa da lesão na panturrilha.  Informei que a lesão era muito pequena, que o tratamento era simples e que poderia ser feito no próprio clube.
            Simoni acredita que o que culminou na absurda entrevista, caracterizada desta maneira pelo profissional, foi uma reunião com toda cúpula tricolor, incluindo o ex -treinador Muricy Ramalho e o ex-vice de futebol Alcides Antunes, logo após o Fred retornar de exames em São Paulo, na Faculdade Paulista de Medicina.
- Não vou citar nomes, porque não gosto de fofocas. Mas, quando saiu daquele encontro, falaram algumas coisas pra ele e aconteceu aquilo. Tudo porque quis estabelecer alguns limites.  Fred tinha intimidade para falar comigo diretamente. É algo inédito no futebol: um atleta de um clube, utilizar a sala de imprensa da instituição e falar de um outro profissional que é seu companheiro. Mas o Fred sabe que se equivocou e hoje já retomamos o laço.
            Quanto ao atual período do tricolor, relata que envolve um processo de transformação e que é preciso paciência. Acredita que o Peter seja uma pessoa bem intencionada, que tem procurado pagar os salários em dia e quitar impostos e dívidas trabalhistas. Elogia o trabalho em Xerém com Fernando Simoni e a vinda do Marcelo Teixeira, seu amigo pessoal.
            A saída do treinador Muricy  também foi comentada pelo Dr. Michael:
 - O Muricy saiu porque quis. Sua demissão foi tratada sem o Peter saber. Ele inferiorizou o Fluminense junto à mídia. Quero que me respondam em qual centro urbano não tem rato, essa história é balela.
Por fim, deixa uma mensagem para os ouvintes do Aliança Esportiva:
- Tudo que é direcionado ao povo é extremamente importante para mim. Foi gratificante ter contribuído com esse projeto comunitário que visa levar informação a população gonçalense. Muito obrigado!

Quer escutar o áudio da entrevista? Mande-nos um e-mail: a-esportiva@bol.com.br

Um comentário:

  1. Esta entrevista nos abriu as portas para muitas outras que já foram e que ainda estão por vir.
    O Dr Simoni falou tudo que tinha para falar e fora que equipe foi sensacional. Parabéns a toda equipe do Aliança Esportiva!

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